É mais ou menos claro para mim que me odeias. Não... Ódio também é capaz de ser uma palavra forte demais. Digamos que, em português acelerado, não vais com a minha cara. E eu bem tento ir com a tua. Mas não dá. E não é por ciúmes - eu não tenho ciúmes. Mas tu tens disso, pelos vistos. Tu tens ciúmes. E, ao que se vê, não são poucos. E é por isso que me incomodas, até porque a tua atitude é claramente despropositada. E depois tens essa estratégia engraçada (isto é a nota irónica) de te fazeres à pista como quem não quer a coisa... Para provares que és dona absoluta do que te pertence - coisa que, só por si, está mais que clara. Esvoaças, sapateias, pairas em todo o teu esplendor quando estamos todos perto uns dos outros e fazes questão de marcar furiosamente o teu território. Armas-te em parva, portanto. Respira, mulher. Relaxa! De uma vez por todas, acorda para a vida - eu não sou má pessoa, eu não sou uma ameaça, eu tenho dois dedos de testa, eu não quero, de todo, o que é teu. E não quero o que é teu por isso mesmo: porque é teu. Se não fosse, queria. Queria tanto. Mas julgo que não o dei a entender a ninguém (muito menos a ti), porque em boa verdade nem penso no assunto. Ficas a saber que não sou pessoa de me deixar levar pela vontade de ter, totalmente nem muito menos em parte, o que não me pertence.
A coisa é complicada porque volta e não volta tropeçamos uma na outra. Não é confortável para mim nem para ti, ao que parece. E se há dias em que dás tréguas, há outros em que pareces uma leoa cheia de sentimentos de posse. E o ambiente fica miserável... Acho que toda a gente se apercebe. Incluindo ele. Sobretudo ele, aliás.
Um dia destes esse teu jogo ainda se vira contra a criadora... Já pensaste nisso?