A ausência fez-se do tempo certo para tudo o que vai cá dentro e lá fora. Tempo que é o passado feito presente, um passado acabado que jamais poderia significar futuro — mas que, no futuro, hoje presente, regressou da forma mais inesperada. É cedo para perceber, para encontrar sentido, até para pousar os pés no chão. É novo, isto, por ser vida e história de poucos meses (que parecem tantos) e também por ser muito, muito maior do que tudo o que ficou para trás.
Não insisto em procurar palavras. Porque eu, que tanto as prezo, e que as saboreio sempre mais um pouco, não conheço nem uma que sirva para estes últimos meses. A ausência é culpa disso — das palavras que ainda não descobri, ou que ainda ninguém inventou, para contar aquele momento em que tudo faz sentido pela primeira vez. O momento em que um ciclo se encerra, como uma volta completa, e em que do nada se descobre que, afinal, aquilo lá atrás era um ponto de partida, agora feito ponto mais pleno e mais perfeito de chegada. Como se tivesse de ser assim desde o início (quando o início ainda não era percebido dessa forma). Agora, em vez de fim, um regresso ao primeiro passo mas em jeito de recomeço. Em jeito de aventura, de história e de certeza. Num bom golpe de Deus, do destino, da vida. E num acto de fé.