28 março 2011

Walk on.

Porque há alturas em que o passado tem de ser enterrado, porque pesa - e, no continuar da viagem, que será sempre o maior dos desafios, nem tudo pode seguir caminho connosco. Porque há sempre mais uma estrada para seguir, enquanto o sol nos bate na cara. Porque o coração pode sempre quebrar, vacilar, tremer, mas é preciso continuar. Porque o desconhecido assusta, pelo que não se conhece e pelo que antes já se encontrou, mas é preciso correr o risco. Porque a liberdade é a maior das conquistas por alcançar. Porque nós somos nós, e ninguém tem o direito de tentar mudar isso. Porque quando o coração é um montinho de mil pedaços, há sempre mais qualquer coisa que somos capazes de suportar. Porque procuramos o nosso destino, a nossa casa, aquele que será, um dia, o nosso sítio, esteja ele onde estiver, seja ele o que e como for. Porque saber seguir em frente é o talento mais precioso.

E, sim, porque há muito que temos de deixar para trás.

É por tudo isto que há músicas que sempre foram e sempre serão perfeitas. Músicas às quais voltamos sempre. Que fazem sentido todos os dias, por um ou outro motivo. Músicas de que nunca nos vamos cansar. Que estão presentes em tantos e tantos momentos. Que fazem parte das favoritas desde que estrearam na nossa vida. E que têm o mesmo efeito sempre que passamos por elas, seja pela primeira ou pela milésima vez.

25 março 2011

Sem ar.

Sufocar.

Não respirar.

Afogar-me.

O mundo aperta-se à minha volta. Em torno de mim. É cada vez mais pequeno, mais compacto, mais escuro, mais saturado, mais claustrofóbico. Mais sem saída.

Mais final. Porque há coisas que nem mil anos, nem um milhão de tentativas, poderão mudar. Falta perceber. Falta saber. Falta a força e falta o engenho. Falta tudo - sempre, desde sempre e para sempre.

Sufocar.

Sufocada.

Afundada em tudo.

21 março 2011

.

Cada vez mais a vida me revolta. Porque os melhores não nasceram para ser felizes. Porque os melhores estão condenados a nunca encontrarem o que procuram. Porque os melhores partem cedo. Porque os melhores são os que choram mais. Porque os melhores são os que sofrem do princípio ao fim.

Tudo isto enquanto o mundo é dos piores. É, foi e será.

(Tenho vontade de correr. Correr, correr, correr. E, ao chegar ao fim da estrada, gritar, muito, na esperança de que um qualquer deus me oiça, me entenda e se digne a fazer alguma coisa.)

16 março 2011

Escuro.

Às vezes não há folhas que cheguem. Antes rasgá-las que escrever nelas, ou então escrever primeiro e rasgar logo a seguir, para  tentar aplacar o tanto que aqui vai dentro e que não trava de maneira nenhuma. Despejar a alma para o papel, nestes dias, equivale a nada.

O coração parte-se em dois. Em três. Em meia dúzia. Sei lá eu em quantos bocados. Contá-los é impossível, e, seja como for, antes de chegar a meio já não seria capaz de continuar a soma.

Cansam-me as mil e uma coisas que não passam. Que não melhoram. Que não acabam. Que não se transformam. Que não se resolvem. Cansa-me o não. Cansa-me o nada. Cansa-me o nunca. Cansa-me o quem sabe, o talvez, o um dia. Cansa-me não saber desse dia pelo qual parece ser suposto eu esperar pacientemente.

Só que a paciência tem fim, a força também, e algo me diz que a esperança trilha o mesmo caminho.

10 março 2011

Das palavras.

Pergunto-me quanto tempo falta para deixar de ter assunto para te escrever. Para fechar a caixa, os envelopes, para não ter de gastar mais folhas, nem tinta, nem canetas, nem juízo. Nem o coração, que às vezes ainda dói um bocadinho. Até lá, sigo nisto, nesta necessidade de te dizer tudo. Que valha a pena, que ao menos não seja em vão... Que tanta letra, tanto parágrafo, tomem o caminho para que os crio e te cheguem um dia às mãos. Tarde ou cedo, espero que a tua alma acabe esclarecida.

05 março 2011

Vazio.

É o vazio do que não se disse, do que nos enche a cabeça mas deixa oco o peito. O vazio do tanto que devia ter sido e não foi. O vazio das pessoas certas no momento errado. O vazio desse momento errado que fica definitivamente para trás, sem regresso possível, fosse esse regresso erro ou acerto. O vazio da história que nunca se contou e que ficará para sempre por contar. O vazio de sentir que o tudo podia mesmo ter sido tudo, mas foi, antes, pouco mais que um nada mal-disfarçado de alguma coisa.