16 março 2011

Escuro.

Às vezes não há folhas que cheguem. Antes rasgá-las que escrever nelas, ou então escrever primeiro e rasgar logo a seguir, para  tentar aplacar o tanto que aqui vai dentro e que não trava de maneira nenhuma. Despejar a alma para o papel, nestes dias, equivale a nada.

O coração parte-se em dois. Em três. Em meia dúzia. Sei lá eu em quantos bocados. Contá-los é impossível, e, seja como for, antes de chegar a meio já não seria capaz de continuar a soma.

Cansam-me as mil e uma coisas que não passam. Que não melhoram. Que não acabam. Que não se transformam. Que não se resolvem. Cansa-me o não. Cansa-me o nada. Cansa-me o nunca. Cansa-me o quem sabe, o talvez, o um dia. Cansa-me não saber desse dia pelo qual parece ser suposto eu esperar pacientemente.

Só que a paciência tem fim, a força também, e algo me diz que a esperança trilha o mesmo caminho.

3 comentários:

  1. Parece que a luz, quando existe sabe sempre a pouco...e por muita vontade que se tenha em agarra-la para sempre...parece que nos foge. E essa escuridão de que falas, demora-se...não te quero assustar mas acho que quando a paciência terminar o que sobra não tem nada de bom, por isso, não a deixes morrer.

    Adorei o texto, a realçar:
    "Cansa-me o não. Cansa-me o nada. Cansa-me o nunca. Cansa-me o quem sabe, o talvez, o um dia. Cansa-me não saber desse dia pelo qual parece ser suposto eu esperar pacientemente."
    (E o ínicio, está algo de utópico: "Às vezes não há folhas que cheguem.")

    Keep going, seja para onde for, desde que longe do escuro (ou do mais escuro ainda).

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  2. Parte-se o coração?
    Ainda é muito cedo para te acontecer isso. E tu és forte!
    Ainda há uns dias ouvi dizer que a quem sabe esperar o tempo abre as portas...mas às vezes é tão difícil não desesperar...

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  3. Adorei... muito bonito, me identifiquei bastante
    com certeza usarei parte desta mensagem.. rs

    um beijo. muito bom conhecer aqui

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