Duas pessoas que se encontraram no éter e que os senhores do éter se encarregaram de separar. Muito tempo depois, afastados como o Norte do Sul, numa noite o éter une-os outra vez. Um em viagem para o Porto, outra parada em Lisboa. Os dois na mesma frequência. Os dois em sintonia. Sem saberem, de início, mas apercebendo-se depois. Mensagens para lá e para cá, memórias a fluir a propósito das músicas que vão passando, risadas de quem se conhece bem e que já sabe o que outro vai dizer ou fazer ao som da canção que se segue.
É em momentos assim que se sente a verdadeira força do éter. Por mais que os senhores separem, a rádio há-de sempre juntar quem a respira. E junta de uma maneira muito especial, impossível de explicar, e digna de um sorriso único, que só aparece em momentos assim... Momentos de peito cheio de mil coisas sem nome, entre as recordações boas e a lagriminha tranquila mas teimosa ao canto do olho. A alma de viagem ao passado. Instantes maiores ou mais pequenos, mas únicos. Indescritíveis. Puramente mágicos.
Com tanto ou tão pouco, a noite mais comum de todas tornou-se nisso mesmo: numa noite mágica. Porque este fio invisível que mantém as pessoas unidas é obra dela - da magia da rádio.
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