Precisava de força para te virar as costas. Passar por ti, fechar a nossa porta e deixar-te do lado de fora. E podias bater, e bater, e bater. A chave ficava comigo e eu trancava-te do outro lado.
E nunca, nunca mais passavas para o meu lado. Nem eu voltava a olhar para o teu duas vezes.
Mereces... nada.
Borboletas
ResponderEliminar“As borboletas nunca voltam…
…Elas passam por aqui esvoaçando, subindo e descendo, como nós o fazemos durante toda a vida. Tal como nós, as borboletas não voltam. Nunca mais voltam! Deixam por aí um rasto imperfeito, visões coloridas como muitos dos nossos sonhos...
Fazem um percurso sem destino, saltitante, imperfeito - como nós fazemos sempre que sonhamos e também em cada dia das nossas vidas! Flutuam no ar das primaveras, como nós, e fenecem como flores frescas que chegaram ao fim do seu tempo...
Não há mistério na suave e silenciosa passagem de uma borboleta perante os nossos olhos. Nem elas deixam atrás de si um rasto de memórias, ao contrário de nós, que o deixamos, às vezes indecifrável para os outros, outras vezes como uma herança abençoada, uma recordação que perdura nos corações dos que ficam. Mal é quando esse rasto se perde na memória daqueles que, por tradição, se deviam lembrar de que as suas vidas foram o fruto de tantos sacrifícios, como se da forçada libertação de um casulo se tratasse, que a partida é dolorosa...
Borboletas, afinal, somos nós todos, num percurso semelhante, comum no pó que nos espera!”