30 setembro 2011

Cadeiras.

Os dados estão a rolar. Primeiro um, depois outro, de seguida mais um. De repente, a mesa parece pequena para tantas peças em movimento. Velocidade. Desejo. Confusões. Atropelos.

No meio de tudo isto, sinto-me a peça parada. O dado que não rola. Todos se movem mais depressa que eu. À minha frente está um caminho, como se todos se mexessem em meu redor e me deixassem um corredor aberto. Mas é um corredor escuro, duvidoso, apertado como uma linha, sem finais felizes la à frente. Sem nada no fim. Sem fim.

Os dados rolam. As peças encaixam aqui e ali. Outras desencaixam para encaixarem mais à frente. Melhor ou pior, todas cabem em algum lugar. Todas... Menos eu.

Como no jogo das cadeiras. Em que, no fim, há gente a mais para cadeiras a menos. Parece que todos estão a descobrir os passos certos a dar para alcançarem as suas cadeiras, com mais ou menos percalços pelo caminho.

Eu sigo descalça. Passos difíceis, incertos e perdidos. Não há cadeira aqui nem lá ao fundo. Vão todos encontrar uma. Alguém há-de ficar com a que devia ser minha. A minha cadeira. O lugar que eu quis tanto. Assento de alguém que não eu.

Todos sentados. Descansados. E eu sigo a pé. Sempre.

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