30 maio 2011

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No fundo, era parar de lutar.
Parar de provocar coincidências e de planear acasos.
Parar de forçar as peças a juntarem-se.
E parar de imaginar. E de sonhar.

No fundo, era parar de ti.

27 maio 2011

Quote.

«Love is when you give someone the power to break you
but trusting that person not to.»

20 maio 2011

You play me to the beat.

Há dias em que uma pessoa se sente tão pequenina. Todos são maiores que nós. De tal forma maiores que nos esmagam, deixam-nos na sombra, tapam-nos. Esgana, aperta o pescoço, esta sensação de que, aos olhos que mais importam, não sou mais que nada. Sou nada, apenas um grande, enorme, gigante, absoluto nada. Sou menos que nada. Parece que nunca "fui". Que nunca "cheguei a ser". Que nunca existi. Que sou, cruamente, uma "não-existência". E isto esgana, sufoca, deixa os olhos molhados durante muito tempo.

Ninguém sonha o que me apetece dizer. Fazer. Ninguém sonha o que vai aqui dentro neste preciso segundo. A revolta, o turbilhão, o grito entalado no peito, na garganta, em mim, de cima a baixo. Corpo e alma. A vontade que tenho de correr, correr muito, até chegar, esgotada e furiosa, ao sítio onde posso dizer as verdades. Sem rodeios, sem meias-tintas, sem dó nem piedade. À bruta. A violência do que sinto é maior que tudo.

Juro que, um dia, não sei o que faço. Mas há uma coisa que eu sei:

Isto não fica assim.

16 maio 2011

Thunder.

Noites assim têm um efeito qualquer cá dentro, num sítio que só encontro, só sinto, só alcanço quando os céus ficam em fúria.

A alma fica melhor enquanto lá fora há barulho e luz a acompanhá-lo. Enquanto tudo lá fora é tão grande, tão maior. Tão absoluto. Mas quando o silêncio e o escuro voltam, perco de novo o caminho para esse canto de mim.

Uma luz destas podia alumiar-me de vez o coração.
Ou podia encadear-te para saíres dele e não encontrares o caminho de volta.


11 maio 2011

Das pequenas, tão pequenas e insignificantes coisas.

Uma música. Uma cor. Um nome. Uma peça de roupa. Uma frase qualquer. Algo que alguém que não eu traz à conversa. Uma palavra. Um jeito que se tem ou que se faz. Pormenores tão pequenos como selos de correio à escala de um mundo inteiro.

Faz ruído. E faz mossa. Cá dentro. Tudo isto.

(Dizia o Poeta que "falta cumprir-se Portugal". Digo-te eu que, nem que seja eternamente, falta cumprirmo-nos nós. Só para termos a certeza.)

09 maio 2011

Eu sei que a culpa está longe de ser tua.

Mas assim não dá. Apareceres destas maneiras pode não ser pecado teu mas também não é meu, e estraga tudo. Dou passos e mais passos para longe… E para quê? Para voltares às minhas noites de olhos fechados? Aos meus sonhos? Ainda para mais assim, como voltaste?

Não podias ser mais discreto, mais calmo, menos impetuoso? Menos tu?

É absurdo. Absolutamente absurdo.

Sai. Sai, sai, sai daqui! Estou farta. Não ando a caminhar todos os dias para em poucos instantes me puxares de volta ao início da estrada.

06 maio 2011

Regresso ao passado.

A nave espacial, ou máquina do tempo, que nos leva de volta ao passado, tem um nome simples, e passamos por ela todos os dias. Está lá fora e está também dentro de nós. Faz-se de notas, acordes e palavras mais ou menos doces. Em poucos segundos, toma conta de nós e leva-nos. Daqui, seja o 'aqui' onde e quando for, voamos para longe. Longe em quilómetros, longe em tempo. Num instante estamos lá. Está lá a alma, o pensamento e a sensação. Até a pele se arrepia. Até as lágrimas caem, se for caso para isso. Chega a ser quase físico, tudo isto. Fechar os olhos, escutar... E estar lá. O espírito num sítio que talvez já nem exista. O regresso a algo que nunca vai voltar a ser. Pessoas, objectos, sentimentos, espaços, rotinas, as recordações mais doces de uma vida.

Música.

Vivo de mãos dadas com ela, e há dias em que, sem aviso, tropeço em alguma que me leva daqui para "lá atrás" numa boleia dada a uma velocidade que não se descreve. É instantâneo. Primeiros acordes e lá estou eu, absorvida, desligada deste mundo e ligada a outro. De volta a dias e a sítios tão bons.

Podiam ficar dezenas de outras. Mas fica esta, porque foi a que hoje me levou com ela - e ainda não me trouxe de volta.