28 fevereiro 2011

Sonhos.

Passei noites e noites a fio a sonhar contigo. Semanas. Meses. E quando perdeste o papel de protagonista nos sonhos de olhos abertos, perdeste-o também nos de olhos fechados.

Não era suposto teres voltado na noite passada. Sonhar contigo é injusto. E sonhar contigo num sonho como o que tive é ainda mais injusto.

Voltaste aos olhos fechados. E voltaste em toda a glória, e com toda a intensidade que me persegue um dia inteiro depois de acordar.

Mas nem assim te vou abrir a porta dos outros sonhos. Os tais que se sonham de olhos abertos.

Não. Não te deixo voltar.

24 fevereiro 2011

Teatro.


Às vezes é aqui que está o segredo. Representar. Para bem de quem está à volta. E para, com o teatro tão bem feito, nos enganarmos a nós próprios, e assim nos convencermos a seguir em frente. Só mais um passo. E mais um, e depois outro, talvez. E sempre a esperança de que já não faltem muitos passos para lá chegar.

Mas falta sempre mais um. E mais outro. E muitos mais. E é assim que o teatro continua, numa actuação digna de prémios, tudo tão bem disfarçado que ninguém se apercebe da camada interior. E da teimosia do lado mau, que insiste em querer levar a melhor. Luta-se contra ele. Segue a farsa.

Até quando?

21 fevereiro 2011

Ciclo.

Dás para tirares.
Tiras-me tudo.
E depois dás-me tudo outra vez.
Foi sempre assim. E o futuro não promete ser diferente.

Entre o calor e o frio, entre a distância e o melhor e mais doce dos aconchegos.

14 fevereiro 2011

Há dias assim.

É em dias assim que pensamos e voltamos a pensar. Com pouca concentração mas em mil e uma hipóteses.

É em dias assim que sentimos que a nossa vida não nos pertence, e que, não importa o empenho, há coisas que vão sempre ultrapassar a nossa vontade e o nosso esforço.

É em dias assim que sabemos que não mandamos nada. Há que fazer o pouco que está ao alcance e esperar que algo maior, mais absoluto, junte as peças, puxe os cordéis às marionetas, e conspire para o final feliz.

13 fevereiro 2011

Tão simples quanto isto.

A tristeza mais triste. A tristeza tão triste do dia em que se diz "não interessa". A tristeza cinzenta mas conformada de já não interessar.

(Como é que é possível tudo ter chegado a este ponto, pelo teu lado e pelo meu, é que é coisa que não consigo entender.)

03 fevereiro 2011

Days.

Sempre fui especialista em encontrar o lado bom das coisas. Mesmo das piores. E em dar valor aos pormenores, que, por mais pequeninos que sejam, conseguem encher a alma. E o coração. E tudo.

Mas há dias em que não dá. Dias em que essa habilidade tão minha não me escapa por pouco. Por muito pouco.

Porque até os especialistas falham, por vezes...