26 novembro 2010

Face to face.

Sempre que o possível ganha jeitos de provável, o resto chega imediatamente e não há o que o acalme. E o resto são incertezas, perguntas estúpidas, medos, nervoso miudinho, coração a cem e imaginação a mil. O provável ainda não é certo, mas é mais forte que o possível. E eu já estou a montar os cenários e a preparar as deixas.

20 novembro 2010

Pedro.

Acredito que não deixaste nada por dizer. Mas assusta-me muito pensar que isso pode ter acontecido. Acho que a vida te ensinou, da pior forma, que nada é eterno ou garantido, e que devemos aproveitar ao máximo cada segundo. E dizer sempre o que temos guardado cá dentro, porque o amanhã pode não existir. E é por isso que, cá no fundo, sinto que foste realmente em paz. Porque sabias o valor das coisas. E conhecias o mais profundo significado da palavra "efémero".

Ainda não consigo, Pedro. Ainda não tenho coragem para dizer tudo. Inspiras-me a que o faça, ainda que a inspiração venha do pior de todos os motivos. Mas ainda não sou capaz. Estou num debate muito grande, porque parte de mim diz que há tempo, que há coisas que não podem ser ditas "assim", do nada, e a outra parte acaba de se deparar com a realidade mais cruel: pode não haver tempo. Podem ficar coisas por dizer. Coisas que não suporto imaginar que nunca cheguem a ser ditas. E têm de ser sabidas. Têm mesmo.

Mas não consigo fazer isso hoje. Só amanhã. Desculpa. Hoje, a única coisa que consigo fazer é lembrar-te. Espero que o amanhã cá esteja, Pedro. Para que chegue o dia em que sei lidar com o que agora não digo. Para que saiba seguir o teu exemplo. O único medo que tenho do "fim" é esse mesmo: o que fica por dizer. Acredito que partiste tranquilo, porque acredito que não levaste contigo nenhuma palavra que não tenhas antes cá deixado. Ensinaste-me o valor disso, e um dia eu vou saber fazer o mesmo. Vais ver.

Obrigada, Pedro. Até sempre.

16 novembro 2010

Best for Last




Wait, do you see my heart on my sleeve?
It's been there for days on end and
It's been waiting for you to open up
Yours too baby, come on now
I'm trying to tell you just how
I'd like to hear the words roll out of your mouth finally
Say that it's always been me

That's made you feel a way you've never felt before
And I'm all you need and that you never want more
Then you'd say all of the right things without a clue
But you'd save the best for last
Like I'm the one for you

You should know that you're just a temporary fix
This is not routine with you it don't mean that much to me
Oh just a filler in the space that happened to be free
How dare you think you'd get away with trying to play me

Why is it everytime I think I've tried my hardest
It turns out it ain't enough
You're still not mentioning love
What am I supposed to do to make you want me properly?
I'm taking these chances and getting nowhere
And though I'm trying my hardest you go back to her
And I think that I know things may never change
I'm still hoping one day I might hear you say

I make you feel a way you've never felt before
And I'm all you need and that you never want more
Then you'd say all of the right things without a clue
But you'd save the best for last
Like I'm the one for you

You should know that you're just a temporary fix
This is not routine with you it don't mean that much to me
Oh just a filler in the space that happened to be free
How dare you think you'd get away with trying to play me

But, despite the truth that I know
I find it hard to let go and give up on you
Seems I love the things you do
Like the meaner you treat me the more eager I am
To persist with this heartbreak and running around
And I will do until I'm finding myself with you

And make you feel a way you've never felt before
And be all you need so that you never want more
Then you'd say all of the right things without a clue
And you’ll be the one for me and me the one for you

12 novembro 2010

Chances.

Um dia vais acordar para a vida e vai ser tarde demais. Aliás: já é tarde. Não sei se demais... Mas tarde, já é. Arriscas-te a perder o comboio. E, no dia em que  finalmente correres para a estação e, à chegada, perceberes que o perdeste, vai-te custar. E quando eu perceber que só o perdeste porque começaste a correr demasiado tarde, também me vai custar, claro. Oportunidades perdidas por não correr na altura certa... É muito triste.

Chances lost are hopes torn up pages.* 

Oportunidades perdidas são páginas de esperança rasgadas.


* Five for Fighting - Chances 

Do valor estimativo dos pormenores.

Às vezes queremos separar-nos de algo e não conseguimos. Noutras vezes, conseguimos, mas há pequenos pormenores que ficam, sem querer ou por querer. Por fim, há vezes em que esses pormenores se vão sem nós termos culpa ou fazermos o que quer que seja por isso.

Há pormenores a que se dá tanto valor. Pormenores que, chegada a sua ausência inesperada, se revestem de um enorme significado. Um dia, por acidente, ficamos sem eles para todo o sempre... Bens materiais sem qualquer importância, facilmente substituíveis por algo semelhante, mas que não deixam de ser absolutamente únicos, e que, quando desaparecem, levam um bocadinho de nós.

(Eram só números...)

04 novembro 2010

Chapada.

Há pessoas que têm o “dom” (chamemos-lhe assim pela mais pura comodidade de expressão) de nos agarrarem o coração com as duas mãos. E depois fazem dele o que querem: amarrotam-no, apertam-no, sufocam-no. Estilhaçam-no. Arrancam-no. E nem se dão conta, e por isso nem lhes custa nada. Não custa fazer sofrer, matar esperanças, tratar mal. E quem é dono do coração agarrado e maltratado vê todo o desfile de coisas erradas a passar-lhe à frente dos olhos, mas no fundo parece que isso nem importa. Deixa-se acontecer. Não se contraria, não se evita, não se pára, não se luta! Como se tivesse de ser assim. Como se nem fizesse mal. Como se doer fosse inevitável e fizesse parte de qualquer coisa maior e melhor. Não faz parte de nada, na realidade. Mas quem, ainda que sem querer, nos agarra friamente o coração, também nos fecha os olhos. E é como se não quiséssemos nem soubéssemos abri-los.

Sentimos a nossa alma nas mãos de outra pessoa. E, aí, nós já não somos nós; somos a nossa vida através do que alguém nos faz. Tudo em nós filtrado por outra pessoa. Somos puras marionetas de alguém que nem sabe que nos tem nas mãos. E chocalha. E atira. E rasga.

Mas há um dia em que se diz basta. Em que se diz para mim chega. Em que se diz não quero mais isto. Em que se diz tive bem mais que a minha conta. Em que se diz quero controlo sobre mim. Em que se diz a alma e o coração são meus e tenho de voltar a mandar neles.

Em que se diz chega de sofrer desta maneira.

Levei uma chapada. Foi tão grande que acordei. Ou estou a acordar, pelo menos. Às vezes é assim. Só se acorda à lei do choque. Mesmo que, bem vistas as coisas, nada seja o que parece, antes disso há um momento em que, não sendo, se julga que é, e aí a violência é tal que, mesmo vindo a saber mais tarde que tudo não passou de um mal-entendido, os olhos se abrem.

Porque para mim chega.

01 novembro 2010

Palavras. Silêncios. Perguntas. Respostas.

Há sempre mais palavras. Há sempre mais uma resposta (ou há sempre uma resposta em falta). Há sempre mais uma dúvida, uma pergunta, uma insegurança. Cem estratégias e mil possibilidades. Há um infinito de tudo e mais alguma coisa. Uma batalha inglória em busca de motivos e justificações. Um mundo de coisas que ficam por dizer. Uma guerra para reconquistar a lógica há muito perdida. E um cansaço que se acumula, e um desgaste que não tem fim. É não aguentar mais. Sentir a lucidez fugir debaixo dos pés. Viver em conflito connosco, com Deus e com o mundo. Mas, estupidamente, perdoar sempre os silêncios que causam toda esta angústia. E perdoar quem é dono deles.