06 maio 2011

Regresso ao passado.

A nave espacial, ou máquina do tempo, que nos leva de volta ao passado, tem um nome simples, e passamos por ela todos os dias. Está lá fora e está também dentro de nós. Faz-se de notas, acordes e palavras mais ou menos doces. Em poucos segundos, toma conta de nós e leva-nos. Daqui, seja o 'aqui' onde e quando for, voamos para longe. Longe em quilómetros, longe em tempo. Num instante estamos lá. Está lá a alma, o pensamento e a sensação. Até a pele se arrepia. Até as lágrimas caem, se for caso para isso. Chega a ser quase físico, tudo isto. Fechar os olhos, escutar... E estar lá. O espírito num sítio que talvez já nem exista. O regresso a algo que nunca vai voltar a ser. Pessoas, objectos, sentimentos, espaços, rotinas, as recordações mais doces de uma vida.

Música.

Vivo de mãos dadas com ela, e há dias em que, sem aviso, tropeço em alguma que me leva daqui para "lá atrás" numa boleia dada a uma velocidade que não se descreve. É instantâneo. Primeiros acordes e lá estou eu, absorvida, desligada deste mundo e ligada a outro. De volta a dias e a sítios tão bons.

Podiam ficar dezenas de outras. Mas fica esta, porque foi a que hoje me levou com ela - e ainda não me trouxe de volta.


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