22 dezembro 2010

20 dezembro 2010

Again?

Mas afinal que história é esta? Por alma de quem é que, quando corro contigo da minha vida, tu voltas a entrar, por mais que eu tente fugir e por mais que a culpa nem seja tua?

Será que isto vai ter um fim alguma vez? Socorro! (Há coisas que são tão boas e tão más ao mesmo tempo.)

17 dezembro 2010

Dias

Os meus dias são bons ou maus consoante a influência que tens neles. Ainda é assim. E eu continuo a não perceber por que é que me entrego aos teus caprichos e te deixo tomar o controlo.

07 dezembro 2010

Carta.

«Sempre gostei de dar palavras às pessoas. São espelhos da alma e o presente mais pessoal, mais verdadeiro e com mais significado que posso entregar a alguém. Estas foram escritas para ti e só para ti. São únicas, nunca ditas e irrepetíveis. E são tuas, agora.»

É assim que começa. E daqui a uns dias ou daqui a uns anos,  numa ocasião diferente de todas as outras, é também assim que vai começar para ti; são estas as primeiras linhas que vais ler. Depois destas, há muitas. Há tudo, depois delas.

(Estou a assegurar um futuro em que certas coisas não ficarão por dizer. Só isso.)

26 novembro 2010

Face to face.

Sempre que o possível ganha jeitos de provável, o resto chega imediatamente e não há o que o acalme. E o resto são incertezas, perguntas estúpidas, medos, nervoso miudinho, coração a cem e imaginação a mil. O provável ainda não é certo, mas é mais forte que o possível. E eu já estou a montar os cenários e a preparar as deixas.

20 novembro 2010

Pedro.

Acredito que não deixaste nada por dizer. Mas assusta-me muito pensar que isso pode ter acontecido. Acho que a vida te ensinou, da pior forma, que nada é eterno ou garantido, e que devemos aproveitar ao máximo cada segundo. E dizer sempre o que temos guardado cá dentro, porque o amanhã pode não existir. E é por isso que, cá no fundo, sinto que foste realmente em paz. Porque sabias o valor das coisas. E conhecias o mais profundo significado da palavra "efémero".

Ainda não consigo, Pedro. Ainda não tenho coragem para dizer tudo. Inspiras-me a que o faça, ainda que a inspiração venha do pior de todos os motivos. Mas ainda não sou capaz. Estou num debate muito grande, porque parte de mim diz que há tempo, que há coisas que não podem ser ditas "assim", do nada, e a outra parte acaba de se deparar com a realidade mais cruel: pode não haver tempo. Podem ficar coisas por dizer. Coisas que não suporto imaginar que nunca cheguem a ser ditas. E têm de ser sabidas. Têm mesmo.

Mas não consigo fazer isso hoje. Só amanhã. Desculpa. Hoje, a única coisa que consigo fazer é lembrar-te. Espero que o amanhã cá esteja, Pedro. Para que chegue o dia em que sei lidar com o que agora não digo. Para que saiba seguir o teu exemplo. O único medo que tenho do "fim" é esse mesmo: o que fica por dizer. Acredito que partiste tranquilo, porque acredito que não levaste contigo nenhuma palavra que não tenhas antes cá deixado. Ensinaste-me o valor disso, e um dia eu vou saber fazer o mesmo. Vais ver.

Obrigada, Pedro. Até sempre.

16 novembro 2010

Best for Last




Wait, do you see my heart on my sleeve?
It's been there for days on end and
It's been waiting for you to open up
Yours too baby, come on now
I'm trying to tell you just how
I'd like to hear the words roll out of your mouth finally
Say that it's always been me

That's made you feel a way you've never felt before
And I'm all you need and that you never want more
Then you'd say all of the right things without a clue
But you'd save the best for last
Like I'm the one for you

You should know that you're just a temporary fix
This is not routine with you it don't mean that much to me
Oh just a filler in the space that happened to be free
How dare you think you'd get away with trying to play me

Why is it everytime I think I've tried my hardest
It turns out it ain't enough
You're still not mentioning love
What am I supposed to do to make you want me properly?
I'm taking these chances and getting nowhere
And though I'm trying my hardest you go back to her
And I think that I know things may never change
I'm still hoping one day I might hear you say

I make you feel a way you've never felt before
And I'm all you need and that you never want more
Then you'd say all of the right things without a clue
But you'd save the best for last
Like I'm the one for you

You should know that you're just a temporary fix
This is not routine with you it don't mean that much to me
Oh just a filler in the space that happened to be free
How dare you think you'd get away with trying to play me

But, despite the truth that I know
I find it hard to let go and give up on you
Seems I love the things you do
Like the meaner you treat me the more eager I am
To persist with this heartbreak and running around
And I will do until I'm finding myself with you

And make you feel a way you've never felt before
And be all you need so that you never want more
Then you'd say all of the right things without a clue
And you’ll be the one for me and me the one for you

12 novembro 2010

Chances.

Um dia vais acordar para a vida e vai ser tarde demais. Aliás: já é tarde. Não sei se demais... Mas tarde, já é. Arriscas-te a perder o comboio. E, no dia em que  finalmente correres para a estação e, à chegada, perceberes que o perdeste, vai-te custar. E quando eu perceber que só o perdeste porque começaste a correr demasiado tarde, também me vai custar, claro. Oportunidades perdidas por não correr na altura certa... É muito triste.

Chances lost are hopes torn up pages.* 

Oportunidades perdidas são páginas de esperança rasgadas.


* Five for Fighting - Chances 

Do valor estimativo dos pormenores.

Às vezes queremos separar-nos de algo e não conseguimos. Noutras vezes, conseguimos, mas há pequenos pormenores que ficam, sem querer ou por querer. Por fim, há vezes em que esses pormenores se vão sem nós termos culpa ou fazermos o que quer que seja por isso.

Há pormenores a que se dá tanto valor. Pormenores que, chegada a sua ausência inesperada, se revestem de um enorme significado. Um dia, por acidente, ficamos sem eles para todo o sempre... Bens materiais sem qualquer importância, facilmente substituíveis por algo semelhante, mas que não deixam de ser absolutamente únicos, e que, quando desaparecem, levam um bocadinho de nós.

(Eram só números...)

04 novembro 2010

Chapada.

Há pessoas que têm o “dom” (chamemos-lhe assim pela mais pura comodidade de expressão) de nos agarrarem o coração com as duas mãos. E depois fazem dele o que querem: amarrotam-no, apertam-no, sufocam-no. Estilhaçam-no. Arrancam-no. E nem se dão conta, e por isso nem lhes custa nada. Não custa fazer sofrer, matar esperanças, tratar mal. E quem é dono do coração agarrado e maltratado vê todo o desfile de coisas erradas a passar-lhe à frente dos olhos, mas no fundo parece que isso nem importa. Deixa-se acontecer. Não se contraria, não se evita, não se pára, não se luta! Como se tivesse de ser assim. Como se nem fizesse mal. Como se doer fosse inevitável e fizesse parte de qualquer coisa maior e melhor. Não faz parte de nada, na realidade. Mas quem, ainda que sem querer, nos agarra friamente o coração, também nos fecha os olhos. E é como se não quiséssemos nem soubéssemos abri-los.

Sentimos a nossa alma nas mãos de outra pessoa. E, aí, nós já não somos nós; somos a nossa vida através do que alguém nos faz. Tudo em nós filtrado por outra pessoa. Somos puras marionetas de alguém que nem sabe que nos tem nas mãos. E chocalha. E atira. E rasga.

Mas há um dia em que se diz basta. Em que se diz para mim chega. Em que se diz não quero mais isto. Em que se diz tive bem mais que a minha conta. Em que se diz quero controlo sobre mim. Em que se diz a alma e o coração são meus e tenho de voltar a mandar neles.

Em que se diz chega de sofrer desta maneira.

Levei uma chapada. Foi tão grande que acordei. Ou estou a acordar, pelo menos. Às vezes é assim. Só se acorda à lei do choque. Mesmo que, bem vistas as coisas, nada seja o que parece, antes disso há um momento em que, não sendo, se julga que é, e aí a violência é tal que, mesmo vindo a saber mais tarde que tudo não passou de um mal-entendido, os olhos se abrem.

Porque para mim chega.

01 novembro 2010

Palavras. Silêncios. Perguntas. Respostas.

Há sempre mais palavras. Há sempre mais uma resposta (ou há sempre uma resposta em falta). Há sempre mais uma dúvida, uma pergunta, uma insegurança. Cem estratégias e mil possibilidades. Há um infinito de tudo e mais alguma coisa. Uma batalha inglória em busca de motivos e justificações. Um mundo de coisas que ficam por dizer. Uma guerra para reconquistar a lógica há muito perdida. E um cansaço que se acumula, e um desgaste que não tem fim. É não aguentar mais. Sentir a lucidez fugir debaixo dos pés. Viver em conflito connosco, com Deus e com o mundo. Mas, estupidamente, perdoar sempre os silêncios que causam toda esta angústia. E perdoar quem é dono deles.

31 outubro 2010

Fio.


Há um fio que está a prender uma série de coisas umas às outras. Nada vive sem o resto. Quando uma morrer, talvez morra tudo. Mas, por agora, há vida.

Antes não houvesse. Os breves instantes de adormecimento dão lugar à mais pura consciência, e o que está dormente fica, num instante, dorido e afiado como um punhal. Tentar ignorar é escusado; talvez o tempo faça esse serviço. Acredito que o passar dos dias torne as coisas menos cruas, que os espinhos deixem de arranhar, que as recordações não moam, que o futuro não assuste e que o presente não canse. Mas, por agora, custa-me a vida do que vive em mim.

29 outubro 2010

Twisted. Katie Melua.

É deliciosa, esta música. Não sei por que é que só hoje é que dei conta disso. (Giro, giro, era haver um vídeo diferente deste... Mas pronto, é o que se  consegue arranjar.)


28 outubro 2010

Simbólico.

Isto está tão mau, mas tão mau, mas tão mau, que só vejo um caminho:

tenho de te agarrar, rasgar-te em mil pedaços e pegar-te fogo.

(É claro que, no fim, vou acabar por guardar as cinzas, porque há sempre uma parte de mim que não consegue deixar-te ir completamente.)

21 outubro 2010

Cimento.


Parede a parede. Constrói-se o futuro sobre o passado dos outros. Destrói-se. Deita-se abaixo à pancada. Já nem o que era nosso existe agora. Matam-se as recordações em rasgos de orgulho e de loucura mal-disfarçada. Quantas chapadas temos de levar para nos habituarmos a que o nosso passado seja posse dos outros, sem que haja maneira de o preservar noutro sítio que não na nossa memória? Já não há nada. Foi-se tudo. Destruído. Poucos lhes importa o quanto dói. O futuro tem de ser soberano, nem que para isso tenha de ser construído sobre escombros de recordações de quem não pediu nada disto. Não resta nada. Tudo morto, desaparecido, um espaço que o era e já não o é. Dantes voltar ali era voltar ao passado; agora não é voltar a nada. É certo que a vida tem de continuar, que as coisas mudam... Mas não é justo mexerem no nosso passado, desfazerem-no em pó, sem sequer pedirem licença. Não pode ser justo, isto. Não pode estar certo. Era tudo nosso e não deles, mas eles mandam, e é só. Por isso, destroem. Esmagam. Não sei explicar muito bem a ligação que ganhamos aos sítios, mas certo é que ela existe, e de repente esses sítios já só vivem na nossa memória, porque nunca ninguém voltará a vê-los ou a passar por eles ou a viver o tanto que se vivia neles. Desapareceram para sempre. Nunca nada vai voltar a ser igual. É impossível.


O meu passado ali foi desfeito. Já nada existe. Nada. O pouco que existia... O pequeno elo que mantinha o passado vivo, que mantinha a ideia de normalidade, de regresso a casa, de que um dia tudo pudesse voltar a ser parecido com o que era dantes, que mantinha a esperança de um dia regressar ao que foi tão meu... Desapareceu. Já pouco ou nada resta daquilo que fazia de certos sítios os meus sítios. Mataram. Mataram tudo. Tudo, tudo, tudo. E eu estou de cabeça e coração tão desarrumados.

07 outubro 2010

Não é que costume ouvi-los

mas gostei desta parte.

"You and me, meant to be immutable, impossible. It's destiny, pure lunacy, incalculable, insufferable. But, for the last time, you're everything that I want and ask for. You're all that I'd dreamed."

(Smashing Pumpkins - Stand Inside Your Love)

06 outubro 2010

Espaço.

Preciso que saias daqui. Por favor. Estás a ocupar espaço a mais, e espaço que não te devia pertencer. Resolvi dar-to sem mo pedires mas agora quero-o de volta sem que esperes mantê-lo. No meu espaço mando eu, e preciso urgentemente que o desocupes.

Assim não consigo andar para a frente. A culpa é mais minha do que tua, claro, mas não consigo resolver isto sozinha. Por isso, colabora e vai-te embora de mim. O meu espaço que é teu tem de voltar a ser meu e só meu. Preciso de o guardar, de tomar conta dele. Cada vez que tento alcançá-lo e empurrar-te para fora de lá, vou contra uma parede, ou uma porta fechada, e não há maneira de entrar.

Estou cansada disto. Por favor, vai-te embora. Já que ocupaste o espaço, por tua vontade e meu consentimento, mas dele não fazes nada... Então parte.  Preciso de seguir o meu caminho. E só não o consigo fazer por tua causa.

Porque não te sei deixar ir...

02 outubro 2010

Baú.

Há coisas que fechámos tão, tão bem no baú - julgamos nós. E depois, um dia, encontramos a chave, mais ou menos por acaso. E nem queremos utilizá-la. Preferimos ignorar, esquecer que ela apareceu, fingir que não a vimos. Mas por qualquer motivo, nosso ou de quem está à volta, pegamos nela e abrimos o baú. Não há-de fazer mal, pensamos; não há-de custar, não há-de doer. O tempo que passou já deve ter sarado as feridas, caramba. Não pode ser assim tão difícil ou tão doloroso encarar o que lá ficou atrás, guardado, ignorado e escondido. Por isso, pegamos em toda a coragem que temos, metemos a chave na fechadura e "click", o baú abre-se. E conforme se abre, há uma espiral de coisas que vêm à cabeça. Queremos ser fortes, manter a pose, mas é inútil. Ainda nem espreitámos lá para dentro e a ferida já está aberta outra vez. E sabe tão mal. E ao mesmo tempo sabe tão bem. 

Não posso deitar este baú fora. Não posso, não quero, não é sequer possível. Nunca. Guardo lá tanto, tanto, tanto. É um baú tão cheio... Tudo o que se possa imaginar cabe lá dentro. E vive lá dentro.

Acho que vai ser assim para sempre. Há coisas que não mudam. Que não se resolvem. Feridas que ficam abertas para a eternidade. Dores que persistem, e sorrisos que, ao mesmo tempo, persistem com elas.

21 setembro 2010

Acho.

Acho que foste para nunca mais voltares. Acho que o futuro não nos quer. Acho que sou cobarde, insegura, racional quando não devo e emocional quando isso não faz falta. Acho que não sei nada do que julgo saber. Acho que rodopio conforme a direcção do vento. Acho que dou quedas como da Lua até cá. Acho que me enganaste. Acho que falhaste, depois de teres estado mesmo quase a acertar. Acho que nunca nada vai mudar. Acho que acabou. Acho que foi o fim.

Mas por enquanto, só por enquanto, a porta ainda está aberta.

16 setembro 2010

For you.

Há muito e muito a dizer, e é por isso mesmo que prefiro deixar apenas as palavras mais essenciais. Que lá estejas e que estejas como te conheço - meu, completo, indescritível em tudo o que és, no tanto que dizes e no muito que fazes. Que Deus tome conta de ti e de mim. Que a história se faça para sempre no dia que se avizinha. E que, no fim, não me arrependa de não ter deixado morrer este assunto no dia em que a morte dele foi declarada.

23 agosto 2010

Quem sabe.

Um nó no estômago, uma mão invisível a apertar o pescoço, e outro nó na garganta. E ainda mais um nó na cabeça e um aperto no peito. Olhos que fazem força, tanta força, para se manterem firmes e alegres em frente às tempestades.

É medo, é tristeza, é nervoso, é angústia, é insegurança, é ignorância. Mas também é expectativa. Da boa. E optimismo, e esperança, e vontade, e uma série de impossibilidades que até parecem possíveis se não se pensar muito tempo sobre elas.

E é assim que os nós espalhados por todo o lado, e os apertos, se alargam um pouco. E tornam-se nós dos bons. E apertinhos agradáveis. O medo vai, a tristeza esconde-se, o nervoso aumenta, a angústia muda, a insegurança transforma-se em descaramento disfarçado de coragem, e a ignorância é um mal a vencer com o tempo. E a expectativa só aumenta. E o optimismo tem de ficar, e a esperança é o que nos move, e a vontade nem se descreve.

E o que é impossível talvez não o seja.

Quem sabe.

10 agosto 2010

Bilhete.

Se por acaso por aqui passares, quero que saibas que neste momento a tua ausência, a nossa ausência, me está a doer muito, muito, muito. Que é um vazio tremendo que de repente se agarra a mim, colado e sem forma de ser afastado. Sinto-me mal. Não sei como, no fim de contas, tudo pôde acabar assim. Como tanto ficou em tão pouco. Em nada. Em menos que nada. Saldo negativo.

Que final foi este? Que final foi o nosso?? Há tanto que devia ter sido dito e feito, há uma história que não escrevemos. E agora sinto-me como se estivesse numa jangada que navega mais, e mais, e mais para longe da ilha. E eu sem remos ou forças para a aproximar. Tudo fica distante. Tudo me escapa. Tudo foge por entre os meus dedos. Tudo é cada vez mais definitivo, último, impossível e inalcançável. E não há nada que eu possa fazer...

22 julho 2010

The end #2

Log off. Log out. Terminar sessão. Desligar.
A carga pronta e metida nos contentores.
Over and out...

17 julho 2010

The end.

Um espaço que era meu, tão meu, tão nosso. Tão vivo. E que morreu de repente. E ali está... Escuro, parado, inerte. Como se nunca nada ali se tivesse passado, entre paredes que têm tanto que contar. Não há ali a memória dos bons momentos, do movimento, das gargalhadas, da profissão, dos nervos, de tudo o que ali se viveu, se disse, se fez, se sentiu. Fervilhava de energia e de repente sinto-o como o sítio mais calmo e silencioso do mundo. E é um vazio tão grande, cá dentro. É uma coisa que se sente e que não tem nome. É tristeza, é vazio, é nostalgia, é tudo. E dói, cá no sítio mais fundo. Porque não era assim que tinha de ser, porque a morte daquele espaço é só uma parte da morte de algo muito maior, porque aquelas luzes desligadas são uma parte de mim que foi desligada, também. Apagou-se a luz daquele sítio tão nosso e apagou-se também uma luz cá dentro. Apagou-se para sempre e há um milhão de coisas que não voltam mais. Odeio e expressão "nunca mais". Odeio a ideia, profundamente. Morreu a luz, morreu o espaço, morreu a rádio, e com ela morreram rotinas e companhias e afazeres e dinâmicas e, pior que tudo, momentos. Agora já não se vive nada disso, nem voltará jamais a viver-se - só resta contar a história sem verbos no presente. O futuro é outro. E o que mais dói, aqui, chama-se passado.

E é uma dor terrível.

18 junho 2010

Carapaça.

Se não se importam, dêem-me só um momento... Preciso de ir ali buscar a carapaça, e, diga-se, com uma certa urgência. Não me demoro! Aliás, não posso mesmo demorar - é cada vez mais informação e preciso que ela comece a fazer ricochete o quanto antes. Não quero ser atingida mais do que já fui. Por mim já tenho a minha conta, obrigada! Chega de coisas a virem que nem um tiro na minha direcção e a caírem que nem pedras sobre mim. Preciso de me proteger, por uma questão básica de sobrevivência da minha sanidade. Estou perfeitamente soterrada de contraditórios, cada um pior que o outro, e não é um quadro nada bonito. Por isso, não me levem a mal mas vou só ali, num instante, munir-me da dita carapaça. É que já a devia ter posto há uns meses atrás...

06 junho 2010

...

Sinto-me tão apertada dentro de mim. Como se o corpo não me servisse.

05 junho 2010

Lógica do espelho

Não sei se auras, energias e esse tipo de coisas são ou não ideias de fiar. Mas certo, certo é que dia após dia mais me convenço de que é assim a mecânica: boas energias espelham-se nos outros e reflectem-se novamente sobre nós.

Karma.

O que transmitimos é o que os outros recebem, e, assim sendo, é o que volta até nós. A nossa alegria alegra-nos a nós mesmos. Por vezes, só há uma maneira de ganharmos energias positivas, e de as absorvermos: primeiro, temos de as deitar cá para fora, pousando-as nas mãos de quem está por perto; depois, regressam a nós novamente, com um fôlego renovado pelas energias dos outros. Há momentos em que só (sobre)vivemos graças ao reflexo que temos em quem está à nossa volta. Graças ao espelho de nós.

O que damos é o que recebemos. As simple as that.

28 maio 2010

Pessoas.

Acho que hoje em dia as pessoas são mais claras para mim do que alguma vez foram. Sinto que as entendo como nunca. Vejo-as transparentes.

Só que, curiosamente, nem por isso a vida é mais fácil.

26 maio 2010

Mãos.

Mãos.

Mãos que tocam. Que falam. Que escondem.

Que empatam. Que distraem. Que bloqueiam. Que significam sempre algo, através de cada gesto.

Que dão, que tiram - que dão muito e tiram outro tanto. Com uma se dá, com outra se tira. À velocidade da luz.

Mãos que prometem.

Que torturam.

Sim. Se torturam.

20 maio 2010

Recado II

(Período antes da ordem do dia: quem por aqui passar que me perdoe a linguagem um-tanto-ou-quanto indelicada. Não é de todo um hábito meu. Mas há coisas que não há como dizer com paninhos quentes.)

Olha, sabes que mais? Que se lixe. Que se lixe tudo. Que se lixe o que tu queres, que se lixe se finges, que se lixe o que dizes, o que és, o que insinuas, o que fazes e o que não fazes. E mais: que se lixe o que eu sinto, que se lixem as minhas tentativas e as minhas expectativas e as minhas atenções inúteis. Que se lixe tudo! Mesmo tudo! Quero lá saber se estou sem filtro, se dou nas vistas, se perdi a racionalidade, se ando a dizer tudo o que me vem à cabeça sem sequer me dar conta, antes, de que o vou dizer. Não me interessa. Que seja o que Deus quiser.

Estou tão cansada. Olho para mim, agora, e pela primeira vez apercebo-me disso. Se soubesses o quanto estou cansada!...

E que se lixe, já agora, e em jeito de conclusão, a lágrima que caiu hoje. Não vale a pena negar... Quem ontem falava comigo tem toda a razão: eu gosto muito de ti. O problema é que talvez goste demais. Mas também não quero saber disso... O tempo e Deus vão encarregar-se de resolver tudo à maneira deles! A mim resta-me esperar - e agir de acordo com o que surgir.

18 maio 2010

Recado.

Eu aqui não mando nada. As regras em jogo (o jogo ainda existe?) são tuas. Por mim isto já estava mais que resolvido. Mas quem manda és tu! Não te preocupes. Dá-me a música e eu saberei seguir o teu ritmo. Sou tão flexível e nem sequer sabia. Estás ao comando! Estás mesmo! Será tudo como tu quiseres que seja. Mas agora vê lá o que fazes. Não te entusiasmes em direcção ao disparate. Se isto é um jogo, e se o jogo ainda existe, então eu jogo, claro que sim. O que não significa que seja um brinquedo nas tuas mãos. Ditas o passo e eu sigo-o... Mas nota que é só enquanto me apetecer.

Reconheço-te em qualquer lado, sem sequer te ver, só pelo teu respirar, nem que estejas a metros e metros de mim. E, à semelhança disso, acho que vou conhecendo muitas outras coisas...

08 maio 2010

Changes.

Há um friozinho bom na barriga quando as respostas surgem claras como água, depois de termos complicado tudo durante demasiado tempo. Afinal, é bem mais simples do que parece. Não que seja linear, porque não o é - é apenas simples, muito claro. É assim porque pode apenas ser assim.

Tanto tempo a pedir uma luz e de um momento para o outro é como se o Sol brilhasse, mesmo na noite de ontem ou num dia chuvoso lá fora como é o de hoje.

Agora é fácil ver o caminho. Tão fácil. Daqui em diante... É só sorrir. Espírito leve.

(Só me dava jeito que certos sonhos fossem premonitórios! :) )

Obrigada. A Ti, que respondeste. A ti, que foste o veículo. A vós, que estão sempre aí a acompanhar cada passo desta história, e que sabem quem são.

06 maio 2010

...

Eu prometi que não chorava por ti.

05 maio 2010

...

E eu quero negar perante mim e perante todos mas a verdade é que tudo já mata no meu peito e ainda não passou tempo nenhum. E eu que prometi a mim mesma, meses a fio, que nada disto acontecia. Que não me deixava levar. Que seria mais forte que os meus desejos. Foi tanto tempo a manter o controlo em situações tão mais difíceis e agora que preciso dele mais que nunca acho que esgotei as reservas. Escorreguei, caí, e já não me levanto. Nunca me senti tão parva.

Tudo isto é desnecessário e francamente idiota - nem sequer a imaginação faz qualquer sentido. Ainda assim, é chegado o tempo de deixar fluir, porque sou forçada a isso. Acabou-se a farsa. Não estou capaz de evitar, de lutar, de fechar os olhos, de esquecer ou de ignorar. Perdi o controlo e não sei se vou a tempo de o recuperar. Já nada disto é negociável comigo própria. Já não me sinto capaz de resistir. Perdi o jogo, sabias? E custa tanto.

23 abril 2010

Sobre mim.

Eu vou ser mais forte que isto tudo. Tenho de ser. Há demasiado em jogo. Estou a meter-me num mundo que claramente não é o meu. Por um lado, gosto. Mas por outro, confesso que tenho muito medo.

(Se eu alguma vez pensei chegar a este ponto na minha existência... Como as coisas mudam tanto, como de um momento para o outro já não nos conhecemos a nós mesmos e temos de nos redescobrir! É profundamente delicioso e profundamente assustador.)

14 abril 2010

Notas (não) soltas

Há tanto na minha vida que eu adorava que "fosse ao sítio". Queria uma oportunidade - e nada seria como dantes, a partir daí.

Tenho os meus desejos egoístas, mesmo feios, sabes? E recalcados, porque me ensinaram que há coisas que nem sequer podem ser pensadas.

(Debrucemo-nos sobre coisas boas. O Michael Bublé vem à mãe-pátria dia 02 de Novembro. É melhor ficar-me com esta e deixar-me de tudo o que são disparates.)

Um dia destes, não consigo mais... Juro que não consigo mais... Lá se vai tudo!

08 abril 2010

Da sensibilidade.

Há pessoas estranhas. E eu, de facto, absorvo muito as pessoas. Incluindo as estranhas. É o lado B de se ser muito (demasiado?) sensível. Não se absorve só o bonito, o poético, o pormenor que tanta gente não vê. Absorve-se também o estranho, o esquisito, de uma forma demasiado intensa.

07 abril 2010

Voltei...

... e voltei com uma sensação esquisita de quem já lá tinha estado, ou de que nada daquilo era tão absolutamente estrangeiro, desconhecido ou novo quanto seria, naturalmente, de esperar.

Não. Não sei como nem porquê, mas nada daquilo me pareceu novo. O que não é mau! É simplesmente... Inesperado. Engraçado. Curioso. Inexplicável. Muito, muito estranho.

20 março 2010

things.

Tu.
Ela.
Tu, outra vez.
Os bilhetes. O comboio. O atraso. A responsabilidade. O câmbio.
Os testes.
O tempo (a falta dele, a bem dizer).
Os caminhos. O desconhecido.

E tu. E ainda tu, mais uma vez.

E um nó que fica na minha cabeça. Que está cada vez mais apertado. Resta saber qual das pontas se solta primeiro... Ou se é preciso sofrer ao ponto de esperar que a corda comece a desfiar.

11 março 2010

Da luta que vou travando.

And it's gonna be a long night,
and I know I'm gonna lose this fight...

Sim, a luta ainda mal começou e eu já a perdi. E não estou a ser derrotista - é a pura verdade. Os muros que construí estão a cair, um a um, à velocidade da luz. Se estalares os dedos, acho que as últimas pedrinhas que ainda estiverem de pé por essa altura vão acabar por ser derrubadas com apenas um sopro.

Estás a ver o meu autocontrolo?...

...

... Puff.

Wake up!

É mais ou menos claro para mim que me odeias. Não... Ódio também é capaz de ser uma palavra forte demais. Digamos que, em português acelerado, não vais com a minha cara. E eu bem tento ir com a tua. Mas não dá. E não é por ciúmes - eu não tenho ciúmes. Mas tu tens disso, pelos vistos. Tu tens ciúmes. E, ao que se vê, não são poucos. E é por isso que me incomodas, até porque a tua atitude é claramente despropositada. E depois tens essa estratégia engraçada (isto é a nota irónica) de te fazeres à pista como quem não quer a coisa... Para provares que és dona absoluta do que te pertence - coisa que, só por si, está mais que clara. Esvoaças, sapateias, pairas em todo o teu esplendor quando estamos todos perto uns dos outros e fazes questão de marcar furiosamente o teu território. Armas-te em parva, portanto. Respira, mulher. Relaxa! De uma vez por todas, acorda para a vida - eu não sou má pessoa, eu não sou uma ameaça, eu tenho dois dedos de testa, eu não quero, de todo, o que é teu. E não quero o que é teu por isso mesmo: porque é teu. Se não fosse, queria. Queria tanto. Mas julgo que não o dei a entender a ninguém (muito menos a ti), porque em boa verdade nem penso no assunto. Ficas a saber que não sou pessoa de me deixar levar pela vontade de ter, totalmente nem muito menos em parte, o que não me pertence.

A coisa é complicada porque volta e não volta tropeçamos uma na outra. Não é confortável para mim nem para ti, ao que parece. E se há dias em que dás tréguas, há outros em que pareces uma leoa cheia de sentimentos de posse. E o ambiente fica miserável... Acho que toda a gente se apercebe. Incluindo ele. Sobretudo ele, aliás.

Um dia destes esse teu jogo ainda se vira contra a criadora... Já pensaste nisso?

10 março 2010

Ai!

Momento alto da noite, e, até ver, do ano: o meu velhinho rádio da cozinha (mas absolutamente vanguardista, como se verá em seguida) está com interferências - ora de uma espécie de pimbalhada emitida a partir de terras de nuestros hermanos, ora de comunicações claramente alienígenas (falta-me perceber se vindas de Marte, Júpiter, ou se é algum humano que ficou pela Lua e está a descobrir as maravilhas do éter com os nativos lá da chafarica lunar).

Não digam que isto não é um momento épico na vida de uma menina da rádio.

(Ah: nada de vir em peregrinação. Aviso já que quero ir dormir e que depois das 23h não abro a porta a ninguém. Isto é uma casa de gente séria. Com ou sem ET's.)

23 fevereiro 2010

Vá lá.

Olha lá para mim só mais uma vez com cara surpreendida e de quem diz «ainda bem que aqui estás». Deixa-me só ganhar mais um dia, mais uma destas manhãs tão feias.

09 fevereiro 2010

Hoje

Confesso que hoje de manhã me levantei mais cedo e acelerei o passo para me cruzar contigo.

A parte mais engraçada?

Não cruzei. Nem vislumbre.

28 janeiro 2010

E em conversas...

«Eu acho que o charme é daquele ar sério e ao mesmo tempo jovem, arrumadinho mas não tão arrumadinho assim, daqueles casacos abertos, daquele jeito de chegar e todos os dias acender o cigarro, e de fumar de olhos pousados só naquilo que pensa e em mais nada.»

27 janeiro 2010

Como o tempo.

Hoje acordei como adormeci ontem: tranquila, bem-disposta, leve, com uma sensação tola de que o mundo é muito bonito, de que tudo é bom e de que o futuro traz coisinhas amorosas. Respostas e sorrisos e isso.

Era bom que isto fosse um pressentimento. Melhor: uma premonição.

Será?

(Algo me diz que a razão é soalheira. Três dias de sol mudam a alma de uma pessoa!)

22 janeiro 2010

Parva.

Sinto a alma a rasgar-se, a ficar feita em estilhaços, e só me apetece chorar porque a única coisa que queria era que fosses real - para mim, na minha vida - e que deixasses de ser uma aspiração parva que tenho dia após dia. Parece que tenho uma espada cá dentro, a corroer-me. És tão tudo e mais alguma coisa, e eu levo a vida a correr atrás de ti e é sempre em vão, e o coração é parvo e diz que sim, e a cabeça é ainda mais parva e vai pelo coração, e de repente parece que estoiro, porque SEI que TU és a resposta para tudo o que eu sou e procuro e sei também que EU seria a TUA resposta, para essas coisas e tantas mais, mas não há como mostrar-te isso. Estás às escuras, não sabes nada de nada, e um dia destes escolhes outro destino qualquer e nunca chegas a saber seja o que for.

O caminho está todo por fazer, e não é uma estrada curta, nem direita, nem larga, nem nada. Sei que estás lá ao fundo mas tu não sabes que eu estou aqui, por isso tenho de andar, andar, andar, e esperar que, à chegada, ainda por lá estejas.

Não vais estar. Nunca lá vais estar. Se calhar nunca lá estiveste. Mas eu não me sei convencer disso e continuo à deriva, sem saber qual é o rumo, a torturar-me todos os dias, porque queria tanto, tanto... E não consigo. E tu, mais uma vez, não vês nada.

Só gostava de saber como é que te posso abrir os olhos. Só queria uma resposta, uma solução, que eu não tenho, nem ninguém, porque é óbvio que não existe.

Sou tão parva.

21 janeiro 2010

Tardes assim.

Gosto da meia-tarde do sol de Inverno. Daquele que bate na cara e faz todos os olhos mais bonitos.

Faz-me lembrar tardes doces e descansadas. Em que tudo é simples e o futuro tem um sorriso na cara.

20 janeiro 2010

Ligações.

É nestes momentos que se percebe que há uma ligação entre duas pessoas, que, unilateral ou não, se criou e se mantém, presa por fios invisíveis que unem dois corações, ou duas almas, ou duas cabeças, ou simplesmente dois seres humanos que são isto tudo.

Tu respiras a metros e mais metros de mim e eu sei que estás por perto, sem te ver, sem ouvir a tua voz, o teu nome, o que seja. Sinto-te, não me perguntes como nem porquê.

19 janeiro 2010

Sobre um dia que já passou.

Quarta-Feira, há umas Quartas-Feiras atrás. Oito e vinte e seis. Tu apareces outra vez, mais uma vez, e o que te traz, mesmo sem que o saibas, o que nos tem aos dois ali, naquele instante em que é noite e está frio e chove e há muita gente à volta mas eu só te vejo a ti, é o simples propósito de provar que tudo faz sentido, que na vida há sinais e razões para tudo. Vens, paras, eu paro, e o mundo pára connosco.

Os teus olhos são punhais. Mas isso sou só eu a recordar tempos antigos. Desta vez, não foram punhais, nem lanças, nem nada tão concreto, metálico, brilhante, cortante como a verdade da tua alma, que se vê clara como água pelo teu olhar.